Este disco é testemunha de muitas mudanças em Portugal mas, se quisermos ficar "só" pela música, marca o encontro de José Afonso com José Mário Branco e o despertar da novidade no seio da música dos empenhados, mas até aí um tanto enfadonhos, "baladeiros. Na verdade, deste disco nasce uma nova Música Portuguesa.
Dado o incontornável peso político da música do Zeca Afonso, muitas vezes e infelizmente o lado musical é passado para segundo plano. Mas este álbum foi uma verdadeira revolução na música portuguesa. Ainda hoje é magnificamente moderno e refrescante. Todo o álbum é muito bom mas o "Coro da Primavera" é para mim das músicas mais perfeitas alguma vez feitas.
Não posso deixar de assinalar a importância de relembrar a música e trabalho do "Zeca" na construcção do caminho para a Revolução, para a Liberdade! Emocionei-me de novo e sempre que ouço "Cantar Alentejano" sobre Catarina Eufémia!
Foi uma surpresa agradável para uma ouvinte regular do "Álbum de Família". Parabéns Radar e Tiago Castro!
Sem dúvida uma excelente escolha, não só porque é merecido, pela altura do ano em que estamos, mas principalmente pelo momento que o país atravessa. Estes temas continuam actuais. Agora meu caro amigo “muguele” essa dos baladeiros enfadonhos … permita-me que … 1971 foi um ano muito bom para a música portuguesa, para além do “Cantigas do Maio” foi também o ano em que saiu o “Gente de Aqui e de Agora” do Adriano Correia de Oliveira, com produção do José Niza. Podemos considerar esse como o álbum-irmão do “Cantigas do Maio” e é outro marco da música portuguesa. 1971 Assistiu também a lançamento do 1º LP do Quarteto 1111 que tinha como temas a Emigração e a Escravatura (e a igualdade de direitos entre os homens). É claro que com esta temática não durou muito tempo nos escaparates das lojas sem que a censura lhe caísse em cima. Por acaso já há muito que defendo este disco para Álbum de Família. Este ano também assistiu ao lançamento do disco “Movimentos Perpétuos” do Carlos Paredes, que até já foi Álbum de Família. Portanto a julgar por esta amostra 1971 revela-nos uma nova música portuguesa, plena de força, que terá passado por períodos de incubação, mas que assenta em estruturas sólidas e já a preparar o futuro. Basta ver as influências de Carlos Paredes, toda a escola interpretativa da guitarra de Coimbra, a começar pelo seu pai Artur Paredes. José Afonso e Adriano Correira de Oliveira, para além das raízes populares também tiveram uma grande influência da musica coimbrã, de onde beberam muito do seu principal renovador Luiz Goes. E com eles colaboraram músicos como Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino, Janita Salomé, Pedro Caldeira Cabral, etc … que viriam mais tarde a projectar-se. Ah … falando em Luiz Goes, 1971 viu também sair um disco seu chamado “Canções de Amor e de Esperança”, que é um disco que merece bem ser ouvido. O Quarteto 1111 só fez dois LP’s, qual deles o melhor, mas influenciou tanta gente. E isto só em 1971, por isso essa dos enfadonhos baladeiros escapa-me. Devem-me passar ao lado ou o defeito deve ser meu, em ambos os casos ainda bem
PS: “muguele”, estive a ler o teu blogue e vi que vais à progcds do Mario Ferreira. É uma loja muito muito fixe. Também vou lá muitas vezes.
Ora bem, Ricardo, concordo com quase tudo o que escreveste e até meto mais alguns ao barulho: 1971 foi também o ano dos primeiros discos do Sérgio Godinho e do José Mário Branco. O problema não está em 1971 mas sim no que havia antes disso. A fórmula dos "baladeiros" (voz, viola, por vezes guitarra e uma flautita e uma percussão aqui e ali) estava a esgotar-se (daí o enfadonhos) e foi preciso procurar novos caminhos. Todos esses contribuiram. Não vejo grande desacordo nas nossas opiniões. Quanto ao resto, ainda hoje gosto de ouvir os "baladeiros" de vez em quando. Há coisas muito boas, talvez mesmo a melhor seja o envolvimento de grandes poetas como Gedeão, Manuel Alegre, ou Sophia de Mello Breyner, só para citar alguns nomes.
8 comentários:
Ora aqui está uma excelente escolha!
Este disco é testemunha de muitas mudanças em Portugal mas, se quisermos ficar "só" pela música, marca o encontro de José Afonso com José Mário Branco e o despertar da novidade no seio da música dos empenhados, mas até aí um tanto enfadonhos, "baladeiros. Na verdade, deste disco nasce uma nova Música Portuguesa.
Bem no ponto na semana que termina a 25 de Abril.
Bom trabalho, Radar!
Concordo, é uma excelente escolha.
Off Topic
Podem postar o set list da Casa Cláudia desta ultima Sexta Feira?
Gracias
Dado o incontornável peso político da música do Zeca Afonso, muitas vezes e infelizmente o lado musical é passado para segundo plano. Mas este álbum foi uma verdadeira revolução na música portuguesa. Ainda hoje é magnificamente moderno e refrescante. Todo o álbum é muito bom mas o "Coro da Primavera" é para mim das músicas mais perfeitas alguma vez feitas.
Grande, grande álbum. O melhor dele, a par de "Venham Mais Cinco".
Não posso deixar de assinalar a importância de relembrar a música e trabalho do "Zeca" na construcção do caminho para a Revolução, para a Liberdade!
Emocionei-me de novo e sempre que ouço "Cantar Alentejano" sobre Catarina Eufémia!
Foi uma surpresa agradável para uma ouvinte regular do "Álbum de Família".
Parabéns Radar e Tiago Castro!
Laura (30 anos)
Sem dúvida uma excelente escolha, não só porque é merecido, pela altura do ano em que estamos, mas principalmente pelo momento que o país atravessa. Estes temas continuam actuais. Agora meu caro amigo “muguele” essa dos baladeiros enfadonhos … permita-me que … 1971 foi um ano muito bom para a música portuguesa, para além do “Cantigas do Maio” foi também o ano em que saiu o “Gente de Aqui e de Agora” do Adriano Correia de Oliveira, com produção do José Niza. Podemos considerar esse como o álbum-irmão do “Cantigas do Maio” e é outro marco da música portuguesa. 1971 Assistiu também a lançamento do 1º LP do Quarteto 1111 que tinha como temas a Emigração e a Escravatura (e a igualdade de direitos entre os homens). É claro que com esta temática não durou muito tempo nos escaparates das lojas sem que a censura lhe caísse em cima. Por acaso já há muito que defendo este disco para Álbum de Família. Este ano também assistiu ao lançamento do disco “Movimentos Perpétuos” do Carlos Paredes, que até já foi Álbum de Família. Portanto a julgar por esta amostra 1971 revela-nos uma nova música portuguesa, plena de força, que terá passado por períodos de incubação, mas que assenta em estruturas sólidas e já a preparar o futuro. Basta ver as influências de Carlos Paredes, toda a escola interpretativa da guitarra de Coimbra, a começar pelo seu pai Artur Paredes. José Afonso e Adriano Correira de Oliveira, para além das raízes populares também tiveram uma grande influência da musica coimbrã, de onde beberam muito do seu principal renovador Luiz Goes. E com eles colaboraram músicos como Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino, Janita Salomé, Pedro Caldeira Cabral, etc … que viriam mais tarde a projectar-se. Ah … falando em Luiz Goes, 1971 viu também sair um disco seu chamado “Canções de Amor e de Esperança”, que é um disco que merece bem ser ouvido. O Quarteto 1111 só fez dois LP’s, qual deles o melhor, mas influenciou tanta gente. E isto só em 1971, por isso essa dos enfadonhos baladeiros escapa-me. Devem-me passar ao lado ou o defeito deve ser meu, em ambos os casos ainda bem
PS: “muguele”, estive a ler o teu blogue e vi que vais à progcds do Mario Ferreira. É uma loja muito muito fixe. Também vou lá muitas vezes.
Ora bem, Ricardo, concordo com quase tudo o que escreveste e até meto mais alguns ao barulho: 1971 foi também o ano dos primeiros discos do Sérgio Godinho e do José Mário Branco. O problema não está em 1971 mas sim no que havia antes disso. A fórmula dos "baladeiros" (voz, viola, por vezes guitarra e uma flautita e uma percussão aqui e ali) estava a esgotar-se (daí o enfadonhos) e foi preciso procurar novos caminhos. Todos esses contribuiram. Não vejo grande desacordo nas nossas opiniões. Quanto ao resto, ainda hoje gosto de ouvir os "baladeiros" de vez em quando. Há coisas muito boas, talvez mesmo a melhor seja o envolvimento de grandes poetas como Gedeão, Manuel Alegre, ou Sophia de Mello Breyner, só para citar alguns nomes.
Obra-prima muito bem lembrada!
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