..E os erros de casting, clichés ambulantes continuam..nem é uma questão de idiossincrasias..é uma questão de pesquisa. PITTY? TITÃS? Qual a próxima banda tem de fazer sucesso para vcs se afundarem no pop/rock brasileiro desconhecido do grande público?
Confesso que pouco ou nada conheço da nova música pop/rock produzida no Brasil. De uma forma geral acabamos por conhecer em Portugal os músicos tradicionalmente associados à MPB, mas não só. E que qualidade a maioria desses músicos têm!... No entanto não deixo de notar que o seu comentário revela um certo espanto(?) por não se arriscar mais que o óbvio (segundo se depreende das suas palavras)... Pessoalmente sou uma pessoa aberta a conhecer novas músicas e tendências e creio que muitos portugueses também o são, ou não houvesse (ainda) espaço para uma rádio como a RADAR. No entanto, recordo-me de um episódio que ocorreu em 2002 comigo e um colega mexicano cuja diáspora estudantil/profissional o tinha levado até à Austrália e que admirava Madredeus (bem sei que já são um cliché nacional, mas de qualidade inegável). Admirava-se este mexicano, de seu nome Juan Bernal, que ao apresentar a música deste grupo a um amigo brasileiro, este não a conhecesse de todo, desconhecimento que se estendia à música portuguesa em geral (talvez exceptuando o fado “vulgaris”. Ah! O nosso “eterno fado”...). Fez um teste comigo e colocou no leitor de CD uma voz feminina e perguntou-me se eu a conhecia. Respondi-lhe que era (acertadamente) a Adriana Calcanhoto. Este foi apenas um episódio, e tem o significado e representatividade que cada qual acha que deve ter. Mas um facto frequentemente mencionado por vários (e bons) músicos portugueses que tentaram aventurar-se em terras brasileiras foi o terem encontrado um meio fechado e muito avesso a conhecer sequer o que vinha daquele que muito justamente deve ser considerado país irmão (a língua representa, inegavelmente, um laço muito forte e no campo literário a reciprocidade é mais equilibrada). Não sei se a situação actual é muito diferente, mas tenho as minhas dúvidas. Por isso, enquanto habitante do espaço lusófono, é com alguma irritação que reajo a comentários feitos com o tom que faz! De resto, nada em contrário. Espero que para a próxima, conforme afirma, quem de direito faça uma pesquisa mais cuidada, mas também gostaría de ver o mesmo empenho do outro lado. E esse? Existe? É que, às vezes, apesar de andar zangado com o meu país, ando também um pouco farto de lhe baterem por tudo e por nada! É um pouco como esta esquizofrenia nacional que ciclicamente lhe dá para, ora estar eufórica, ora estar deprimida! Não há pachorra!
O que eu te digo em relação ao autismo dos brasileiros em relação à música portuguesa é que ela é em tudo semelhante à dos espanhóis, para dar um exemplo próximo.
No Brasil, como em Espanha, 80% da música que se ouve é nacional. Bem diferente do que acontece em Portugal, o que tendo em conta a qualidade do que se tem feito, devo dizer, ainda bem.
Em relação ao exemplo dos Madredeus e Adriana Calcanhoto, eu acho perfeitamente natural que isso aconteça. Pq eu não acredito que os Madredeus sejam "vendidos" no estrangeiro como um objecto de consumo pelas massas, tal como o é a Adriana em Portugal.
Em relação à música em Portugal, devo dizer-te que há pelo menos 15 anos não ouço nada que realmente me diga alguma coisa. Está chata e pouco original, apesar de bem produzida. Sim, tenho saudades dos Mler if Dada, Pop D'ell Art e Mão Morta e outros dos anos 80. Dos erros e dos acertos. Da experiência de uma Música Moderna Portuguesa com identidade própria no mundo, mesmo que não fosse ouvido para além do Rock Rendez Vous. Não confundindo referências estrangeiras, com reverência ao estrangeiro. Mas enfim, é inútil. Cumprimentos. m.
O que diz no segundo parágrafo pode ser mal interpretado, mas não estou a fazer essa leitura. Pessoalmente, não estou de acordo que a música moderna portuguesa esteja a sofrer de um período de 15 anos de marasmo, mas cada um tem a sua opinião e não vale a pena discutir isso. Por outro lado concordo que o que se produz com qualidade, não justifica o que por vezes se quer impôr por decreto, como sejam as rádios cumprirem com uma quota de música nacional nas ondas hertzianas (aliás, no que diz respeito a "quotas" tenho a opinião muito clara e frontal de ser contra qualquer tipo que apareça). Isso tem sido também recorrente em algumas discussões públicas entre responsáveis das editoras, rádios, músicos e jornalistas/críticos musicais.
Continuação da mensagem anterior (carreguei em Enter sem reparar que o cursor estava fora da caixa de mensagens e o post foi imediatamente gravado):
Apenas quería terminar assinalando duas coisas:
1. O (re)conhecimento da música além-fronteiras é sempre produto de vários factores, mas se nos ficarmos pelo pop/rock, diría que conta mais a promoção publicitária e suporte de uma Major do que qualquer outro factor. A qualidade ou a inovação, contam bem menos e por vezes é preciso estar inserido no meio físico onde tudo acontece. No fundo o peso dos centros tradicionais (Grã-Bretanha e EUA) é fundamental. Os raros exemplos bem sucedidos entram mais para a categoria de "étnico" ou "world-music" porque têm um travo exótico para os cânones vigentes.
2. No que diz respeito ao conhecimento da música brasileira em portugal e vice-versa, e retomando o comentário que despertou a minha reacção, parece-me mais útil fornecer exemplos de bandas e fontes de informação, do que simplesmente afirmar algo do género: "que mais precisamos de fazer para que uma prole de desconhecidos seja conhecida do público?". Bem... com o devido respeito, creio que também deve haver uma boa prole de desconhecidos por aqui que sofre dos mesmos problemas, e em termos de conhecimento mútuo do que se faz em cada lado do Atlântico, estamos conversados.
No entanto, não quero com isto afirmar que não deva haver um esforço em ir mais além, conforme o wellington, no fundo, pretende afirmar. Creio que isso só nos enriquece...
Caro Mário: A questão aqui tem muito pouco a ver com o «meu país é melhor que o teu» como pareceu pelo tom do teu comentário. O MEU comentário era dirigido à quem fez as tais escolhas, tão somente. O facto de eu ser brasileiro, você português, o outro paquistanês não ajuda em nada nesta discussão. Pesquisa jornalística, ja mencionei antes. A internet está aí. Estamos falando de uma rádio que se propoe a mostrar o que é novo, diferente. Que tem o «compromisso» de ultrapassar as barreiras da radio comum, de surpreender o ouvinte melómano, ávido por novidades.
Caro M. : Deixaste um comentário algo curioso no meu blog e fizeste um outro a respeito do assunto tratato aqui. Pois respondi ambos por lá, portanto quando quiser será bem-vindo. Abraço.
1. Lamento que tenha confundido e levado a discussão para um assunto que nunca foi o meu.
2. Sei muito bem a quem o comentário era dirigido! No meu (sempre muito modesto) entendimento, o problema do seu comentário não está no conteúdo, mas sim na forma. Apenas isso!
3. Esse facto fez-me, por sua vez, levantar a questão da não reciprocidade de intercâmbio musical entre duas culturas que deveríam ter mais que as unisse do que as separasse.
7 comentários:
..E os erros de casting, clichés ambulantes continuam..nem é uma questão de idiossincrasias..é uma questão de pesquisa. PITTY? TITÃS? Qual a próxima banda tem de fazer sucesso para vcs se afundarem no pop/rock brasileiro desconhecido do grande público?
Caro wellington,
Confesso que pouco ou nada conheço da nova música pop/rock produzida no Brasil. De uma forma geral acabamos por conhecer em Portugal os músicos tradicionalmente associados à MPB, mas não só. E que qualidade a maioria desses músicos têm!... No entanto não deixo de notar que o seu comentário revela um certo espanto(?) por não se arriscar mais que o óbvio (segundo se depreende das suas palavras)... Pessoalmente sou uma pessoa aberta a conhecer novas músicas e tendências e creio que muitos portugueses também o são, ou não houvesse (ainda) espaço para uma rádio como a RADAR. No entanto, recordo-me de um episódio que ocorreu em 2002 comigo e um colega mexicano cuja diáspora estudantil/profissional o tinha levado até à Austrália e que admirava Madredeus (bem sei que já são um cliché nacional, mas de qualidade inegável). Admirava-se este mexicano, de seu nome Juan Bernal, que ao apresentar a música deste grupo a um amigo brasileiro, este não a conhecesse de todo, desconhecimento que se estendia à música portuguesa em geral (talvez exceptuando o fado “vulgaris”. Ah! O nosso “eterno fado”...). Fez um teste comigo e colocou no leitor de CD uma voz feminina e perguntou-me se eu a conhecia. Respondi-lhe que era (acertadamente) a Adriana Calcanhoto. Este foi apenas um episódio, e tem o significado e representatividade que cada qual acha que deve ter. Mas um facto frequentemente mencionado por vários (e bons) músicos portugueses que tentaram aventurar-se em terras brasileiras foi o terem encontrado um meio fechado e muito avesso a conhecer sequer o que vinha daquele que muito justamente deve ser considerado país irmão (a língua representa, inegavelmente, um laço muito forte e no campo literário a reciprocidade é mais equilibrada). Não sei se a situação actual é muito diferente, mas tenho as minhas dúvidas. Por isso, enquanto habitante do espaço lusófono, é com alguma irritação que reajo a comentários feitos com o tom que faz! De resto, nada em contrário. Espero que para a próxima, conforme afirma, quem de direito faça uma pesquisa mais cuidada, mas também gostaría de ver o mesmo empenho do outro lado. E esse? Existe? É que, às vezes, apesar de andar zangado com o meu país, ando também um pouco farto de lhe baterem por tudo e por nada! É um pouco como esta esquizofrenia nacional que ciclicamente lhe dá para, ora estar eufórica, ora estar deprimida! Não há pachorra!
Um abraço
Mário Gonaçalves
Caro Mário,
O que eu te digo em relação ao autismo dos brasileiros em relação à música portuguesa é que ela é em tudo semelhante à dos espanhóis, para dar um exemplo próximo.
No Brasil, como em Espanha, 80% da música que se ouve é nacional. Bem diferente do que acontece em Portugal, o que tendo em conta a qualidade do que se tem feito, devo dizer, ainda bem.
Em relação ao exemplo dos Madredeus e Adriana Calcanhoto, eu acho perfeitamente natural que isso aconteça. Pq eu não acredito que os Madredeus sejam "vendidos" no estrangeiro como um objecto de consumo pelas massas, tal como o é a Adriana em Portugal.
Em relação à música em Portugal, devo dizer-te que há pelo menos 15 anos não ouço nada que realmente me diga alguma coisa. Está chata e pouco original, apesar de bem produzida. Sim, tenho saudades dos Mler if Dada, Pop D'ell Art e Mão Morta e outros dos anos 80. Dos erros e dos acertos. Da experiência de uma Música Moderna Portuguesa com identidade própria no mundo, mesmo que não fosse ouvido para além do Rock Rendez Vous. Não confundindo referências estrangeiras, com reverência ao estrangeiro. Mas enfim, é inútil. Cumprimentos.
m.
Caro m
O que diz no segundo parágrafo pode ser mal interpretado, mas não estou a fazer essa leitura. Pessoalmente, não estou de acordo que a música moderna portuguesa esteja a sofrer de um período de 15 anos de marasmo, mas cada um tem a sua opinião e não vale a pena discutir isso. Por outro lado concordo que o que se produz com qualidade, não justifica o que por vezes se quer impôr por decreto, como sejam as rádios cumprirem com uma quota de música nacional nas ondas hertzianas (aliás, no que diz respeito a "quotas" tenho a opinião muito clara e frontal de ser contra qualquer tipo que apareça). Isso tem sido também recorrente em algumas discussões públicas entre responsáveis das editoras, rádios, músicos e jornalistas/críticos musicais.
Continuação da mensagem anterior (carreguei em Enter sem reparar que o cursor estava fora da caixa de mensagens e o post foi imediatamente gravado):
Apenas quería terminar assinalando duas coisas:
1. O (re)conhecimento da música além-fronteiras é sempre produto de vários factores, mas se nos ficarmos pelo pop/rock, diría que conta mais a promoção publicitária e suporte de uma Major do que qualquer outro factor. A qualidade ou a inovação, contam bem menos e por vezes é preciso estar inserido no meio físico onde tudo acontece. No fundo o peso dos centros tradicionais (Grã-Bretanha e EUA) é fundamental. Os raros exemplos bem sucedidos entram mais para a categoria de "étnico" ou "world-music" porque têm um travo exótico para os cânones vigentes.
2. No que diz respeito ao conhecimento da música brasileira em portugal e vice-versa, e retomando o comentário que despertou a minha reacção, parece-me mais útil fornecer exemplos de bandas e fontes de informação, do que simplesmente afirmar algo do género: "que mais precisamos de fazer para que uma prole de desconhecidos seja conhecida do público?". Bem... com o devido respeito, creio que também deve haver uma boa prole de desconhecidos por aqui que sofre dos mesmos problemas, e em termos de conhecimento mútuo do que se faz em cada lado do Atlântico, estamos conversados.
No entanto, não quero com isto afirmar que não deva haver um esforço em ir mais além, conforme o wellington, no fundo, pretende afirmar. Creio que isso só nos enriquece...
Um abraço a ambos
Mário gonçalves
Caro Mário:
A questão aqui tem muito pouco a ver com o «meu país é melhor que o teu» como pareceu pelo tom do teu comentário. O MEU comentário era dirigido à quem fez as tais escolhas, tão somente. O facto de eu ser brasileiro, você português, o outro paquistanês não ajuda em nada nesta discussão. Pesquisa jornalística, ja mencionei antes. A internet está aí. Estamos falando de uma rádio que se propoe a mostrar o que é novo, diferente. Que tem o «compromisso» de ultrapassar as barreiras da radio comum, de surpreender o ouvinte melómano, ávido por novidades.
Caro M. : Deixaste um comentário algo curioso no meu blog e fizeste um outro a respeito do assunto tratato aqui. Pois respondi ambos por lá, portanto quando quiser será bem-vindo. Abraço.
Caro Wellington
1. Lamento que tenha confundido e levado a discussão para um assunto que nunca foi o meu.
2. Sei muito bem a quem o comentário era dirigido! No meu (sempre muito modesto) entendimento, o problema do seu comentário não está no conteúdo, mas sim na forma. Apenas isso!
3. Esse facto fez-me, por sua vez, levantar a questão da não reciprocidade de intercâmbio musical entre duas culturas que deveríam ter mais que as unisse do que as separasse.
Mário Gonçalves
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