A propósito de lendas, Jandek, o enigmático guitarrista que desde 0 final dos anos 70 tem jogado apenas segundo as suas próprias regras, virando as costas aos media e à indústria discográfica, apresentou-se a partir das 19.00 na Central Presbyterian Church. Uma rara oportunidade destas exigia a nossa presença e presenciámos em local de culto religioso a força do culto de Jandek. Na mesma igreja, um dos melhores concertos do festival: Bill Callahan, acompanhado pela namorada Joanna Newsom passou a sua guitarra por alguns clássicos do tempo em que assinava como Smog mas também pelas novidades do 1º álbum em nome próprio "Woke On A Whaleheart". Divino (ou não estivéssemos numa igreja).
Entre vários nomes veteranos (Ricky Lee Jones, Meat Puppets, Buzzcocks, The Presidents Of The United States Of America) e alguns mais recentes (Robbers On High Street, Fujyia & Miyagi, Lesbians On Ecstasy, Spektrum, Dengue Fever, Grupo Fantasma, Junior Senior, etc...) o milagre do dia não estava agendado e apanhou-nos de surpresa no Beauty Bar (um dos espaços com a programação mais conseguida) varrendo por completo a concorrência em termos de stage-diving, mergulhos de cima das colunas e destruição de pinãtas: os Dandi Wind são ao vivo um cruzamento de Peaches com os Yeah Yeah Yeahs mas principalmente Lene Lovich nos tiques nervosos da vocalista, que a certa altura, já com a própria Peaches em palco, afirma "ela veio aqui mostrar um ar da sua graça mas todos vocês sabem que eu sou uma versão mais nova e melhor que ela", o que incitou à pancadaria entre as duas meninas de collants trajadas. Grande concerto!
O verde era a cor dominante em dia de celebração de St. Patrick's Day, um feriado irlandês que serve acima de tudo como desculpa para se beber ainda mais cerveja. No Exodus (onde há um ano assistimos a um dos melhores concertos dessa edição com The Go! Team) confirmámos as nossas suspeitas em relação aos Prototypes, sensação pop electrónica do ano passado em França e agora, com a actuação explosiva desta noite, um nome que será certamente recorrente fora das suas fronteiras, mesmo cantando maioritariamente na língua materna. Forte confirmação também a dos texanos The Black Angels que, a jogar em casa, hipnotizaram o público do Mohawk com o seu rock psicadélico, próximo dos Jesus & Mary Chain ou Brian Jonestown Massacre.
Mas a noite era de Iggy. O cartaz da noite no Stubb's era luxuoso com Kings Of Leon (extraordinários), Spoon (intocáveis) e The Stooges a fazer com que as filas já ultrapassassem as centenas de pessoas desde a hora do almoço, prova de que "The Weirdness", o disco de regresso da banda de Detroit tem conseguido despertar o interesse das gerações mais jovens nos padrinhos do punk, agora com Mike Watt (com quem falámos ontem) no baixo. Ao som de "No Fun" (irónica letra depois de tanta diversão) dos Stooges, com mais de 30 amigos em cima do palco, o SXSW despedia-se, com a Radar no meio do mosh, a pensar muito mais já na edição de 2008 do que em apanhar o avião que algumas horas mais tarde sairia de Austin para regressar a Lisboa...
Até para o ano!
Pedro & Tiago
7 comentários:
Obrigada Tiago e Pedro!
Pelos vossos relatos, muita emoção...
Beijos a toda a Radar!
Acho que a única cois aque está a faltar no BLOG é uma fotografia dos "artistas" da Radar, Pedro Ramos e Tiago Castro!
quem me dera lá estar... é o que dá fazer rádio na província, as oportunidades não existem! bom festival e sempre boa música.
...que a radar dure muitos anos..
Grande trabalho,e sim falta aí uma foto vossa.
E que tal,para o ano levarem também um ouvinte da RADAR?
È só uma opinião...
Definitivamente, falta aqui uma foto daqueles que foram os nossos olhos e ouvidos durante o S x SW ...
De qualquer forma, obrigado pelos vosso relatos!
Então Tiago / Pedro cadê a Foto?????????
Enviar um comentário