ÁLBUM DE FAMÍLIA. Love - "Forever Changes" (1967).
Enquanto muitos começavam a celebrar o longo Verão do Amor, Arthur Lee anunciava já o seu fim e cantava o desencanto como ninguém nunca mais o conseguiu fazer. Convencido de que morreria novo e não faria mais nenhum disco depois deste, a voz dos Love transportava toda a sua angústia pós-adolescente para as fortes imagens contidas nas letras, aliando-as a estruturas e orquestrações pouco usuais na canção pop, ainda mais nascidas do cérebro de um auto-didacta, sem destreza em nenhum instrumento musical em particular. O mais punk de todos os hippies, portanto, e grande influência directa na vida, obra, roupa e modo de andar tanto de Jim como de Jimi, e de outros mais famosos do que ele alguma vez seria. Com o talento do guitarrista Brian MacLean a seu lado, apesar de se encontrarem envolvidos em divergências, neste 3º trabalho pinta o mais realista retrato da Califórnia de finais da década de 60, suposto paraíso. Não é apenas o melhor disco psicadélico de sempre, como é habitualmente apontado por muitos, mas antes a conjugação de muitas outras cores musicais que as do psicadelismo. Ou então, se do psicadelismo deveriam constar todas as cores, talvez apenas Arthur Lee as tenha conseguido utilizar todas. Este é o som dos sonhos a desfazerem-se.

1. "Alone Again Or"
2. "A House Is Not A Motel"
3. "Andmoreagain"
4. "The Daily Planet"
5. "Old Man"
6. "The Red Telephone"
7. "Maybe The People Would Be The Times Or Between Clark And Hilldale"
8. "Live And Let Live"
9. "The Good Humor Man He Sees Everything Like This"
10. "Bummer In The Summer"
11. "You Set The Scene"

Com Tiago Castro.
Quarta 14.00 / Domingo 12.00